quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Carlos Saldanha faz sua estreia fora da área dos filmes de animação

'Rio, Eu Te Amo' estreou no fim de semana passado no Brasil e por causa da estreia, parte do elenco e produção estrelar, esteve no Rio de Janeiro, na segunda-feira passada (8), promovendo o filme.

Foto: Louise Duarte

Após a Coletiva de Imprensa de 'Rio, Eu Te Amo', eu tive a chance de falar com o diretor Carlos Saldanha, conhecido internacionalmente por seu trabalho na área de cinema em animação e por ser o "pai" do esquilinho Scrat, da franquia cinematográfica 'Era do Gelo'; o qual fez sua estreia na área de direção de filme não-animado ao participar da produção.

Carlos Saldanha estava entre os diretores (Nadine Labaki, Andrucha Waddington, Vicente Amorim e Guillermo Arriaga) que promoveram na cidade o filme, que coloca o Rio de Janeiro na lista de cidades da franquia 'Cities of Love', iniciada em Paris; onde várias histórias do cotidiano carioca individuais foram reunidas para criar uma única e bela história de amor pela Cidade Maravilhosa.

Os diretores envolvidos na produção foram convidados não somente para dirigir os curtas que formam o longa, mas também foram os idealizadores de cada uma das histórias, com o objetivo de mostrar o Rio de Janeiro, através dos olhos de pessoas de partes diferentes do mundo e não só brasileiros.

Na história escolhida por Carlos Saldanha, ele buscou por algo diferente para filmar no Rio. "Praia? Já tinha filmado. Cristo? Já tinha também..."

Foi então que o diretor pensou no Teatro Municipal, templo da arte e da música na cidade. Revelando ser um apaixonado pela dança, decidiu fazer um curta onde a trama teria um casal de dançarinos e outro de espectadores em foco. Porém como só podia ter 2 protagonistas no curta, seguindo algumas regras da produção, optou por focar a história nos bailarinos, que discutem a relação em meio a uma apresentação.

Ainda durante a coletiva, Carlos Saldanha falou animado sobre a ideia de filmar no Teatro Municipal. A dança, além da animação, é uma das paixões do diretor, que se decidiu pela ideia dos bailarinos quando encontrou o ator Rodrigo Santoro em um show da Marisa Monte, em New York, o qual contou que estava fazendo ioga para as filmagens de '300: A Ascensão do Império'.

Foto: Divulgação
O comentário colocou a mente criativa do diretor em funcionamento e então aproveitou a chance para questionar o ator sobre trabalhar na produção. "Eu perguntei se ele se disporia a fazer um bailarino e ele topou,” revelou Carlos Saldanha.

Sobre a escolha do diretor por Bruna Linzmeyer, a atriz que faz parceria com Rodrigo Santoro como bailarina no filme, ele comentou que mesmo sem estar familiarizado com o casting (elenco) brasileiro, falou que ela era perfeita. Além de saber o básico de dança "Bruna foi a pessoa certa e que, ao lado do Rodrigo, segurou a minha mão durante as filmagens".

A atriz, presente na coletiva, aproveitou para elogiar Carlos Saldanha, afirmando que foi maravilhoso trabalhar com ele, pois o diretor sabia exatamente o que queria, graças a sua visão cinematográfica peculiar, por causa do trabalho com animação. "Só tenho que agradecer a ele e ao Rodrigo, que agora se tornaram meus grandes parceiros".

Durante minha breve conversar com Carlos Saldanha, além de um pouco de tietagem da minha parte, aproveitei para saber sobre a fantástica ideia do diretor em usar luz e sombras para a cena do balé, pois mesmo com o comprometimento dos atores, que ensaiaram alguns passos e movimentos para interpretar bailarinos de forma convincente, eles não são bailarinos profissionais e iriam precisar de dublês.

O jogo de luz e sombra tinha como "pano de frente", a silueta dos bailarinos, e a cena alternava com alguns momentos entre os atores, que conversavam enquanto dançavam, criando uma cena não só brilhante do ponto de vista técnico, mas belíssima.

O diretor me contou que, além de ser uma ótima forma de ocultar os dublês, era uma referência ao seu trabalho com animação. Mesmo com ensaios para filmar o curta onde Rodrigo Santoro e Bruna Linzmeyer trabalharam alguns trejeitos dos personagens, sem contar a flexibilidade, a boa forma de ambos, não os tornam bailarinos do Municipal. Muito menos capazes de encenar os 3 minutos de dança ao som de "O Canto do Cisne Negro", de Heitor Villa-Lobos. Música que Carlos Saldanha me falou ter sido escolhida atendendo não só as exigências da produção em relação ao tempo, mas as suas.

Isso porque o filme 'Rio, Eu Te Amo', pelas regras, teria curtas de 7 minutos, além de apenas 2 protagonistas (por isso o diretor teve que escolher entre os 4 personagens da sua ideia original para a trama, como dito anteriormente). Sua história precisou de 4 minutos para apresentação dos personagens e desenvolvimento geral, ficando 3 para a dança. E a escolha de "O Canto do Cisne Negro", foi por conta não só de ter os exatos 3 minutos, mas por atender também a exigência do diretor quanto a ser uma música brasileira.

O resultado é belíssimo, pois cria a ilusão perfeita e dá a história uma veracidade que outro recurso fílmico de ocultar dublês não teria dado.

Quem sabe no futuro o diretor brasileiro retorne ao Brasil, com uma produção internacional da área não-animada, para mostrar mais do Rio pouco divulgado, como o Teatro Municipal, uma joia arquitetônica em meio ao centro da cidade. Um local centenário, repleto de histórias interessantes, desde dramas dos artistas e público que por lá já passaram, até relatos sobrenaturais de assustar.

A franquia de 'Cities Of Love', tem apoio no Brasil da Warner, que faz a distribuição por todo o país desde o dia de sua estreia, quinta passada (11), super dica de cinema para quem curte boas histórias e a Cidade Maravilhosa, ou deseja saber um pouco sobre os dramas e sonhos dos cariocas, tanto nascidos como os de coração.

(Meu registro pessoal do encontro com o diretor Carlos Saldanha.)

Leia+: #RioEuTeAmo

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Texto: Anny Lucard

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